Depois dos primeiros nove meses lutando contra o COVID-19, está claro que provavelmente lidaremos com o COVID-19 para sempre.
Isso significa que o sistema de saúde pública terá que mudar para acomodá-lo e incorporar permanentemente o COVID-19 aos consultórios médicos, vigilância de vírus e planejamento hospitalar.
O covid-19 vai se tornar parte de nossa realidade diária, ou certamente sazonal, no sistema de saúde e no país, e isso significa ajustes em como diagnosticamos doenças respiratórias, como fazemos a vigilância para COVID-19 e quantos leitos hospitalares temos disponíveis.
O sistema de saúde já se adaptou a novos vírus antes desconhecidos.
O HIV passou de uma emergência para uma parte normal do tratamento – a pesquisa ajudou os médicos a entender o vírus, e o desenvolvimento de novos e melhores tratamentos melhorou dramaticamente a relação da população com a doença.
COVID-19: AMEAÇA EMERGENTE A DOENÇA COMUM
Os pesquisadores ainda não sabem quanto tempo levará para o COVID-19 fazer a transição de uma ameaça emergente para uma doença comum conhecida ou como será a nova linha de base.
Todos esses detalhes dependem de informações que ainda não temos: por quanto tempo as pessoas ficam protegidas do vírus depois de se recuperarem, quão bem uma vacina funciona e se podemos desenvolver novos tratamentos.
Mas, eventualmente, COVID-19 fará parte do nosso novo normal, juntando-se aos outros vírus respiratórios aos quais estamos acostumados – e mudando o que o sistema precisa estar preparado para lidar.
Nos primeiros dias da pandemia de COVID-19, cientistas e especialistas em saúde pública pensaram que havia uma chance de que este novo coronavírus pudesse seguir o caminho do SARS e MERS: medidas de saúde pública como encontrar e isolar pessoas doentes impediriam a circulação do vírus, e efetivamente removê-lo da população humana.
COVID-19: EM BREVE MAIS UM DIAGNÓSTICO DE ROTINA
Eles não acham mais que isso vai acontecer.
O coronavírus está em toda parte e pode se espalhar facilmente sem ser detectado.
Mesmo em lugares como a Nova Zelândia, com excelentes políticas de saúde pública projetadas para acabar com isso, os casos ainda voltam: depois de mais de 100 dias sem novos casos de COVID-19, a Nova Zelândia relatou um novo agrupamento de doenças .
“Vamos domar o vírus por meio de vacinas e tratamentos melhores, até que ele diminua de uma emergência para uma linha de base”, diz Amesh Adalja, que estuda doenças infecciosas emergentes e preparação para pandemia no Centro Johns Hopkins para Segurança de Saúde.
Isso significa que a verificação de COVID-19 continuará sendo rotina em consultórios médicos e hospitais, diz Adalja.
Se alguém está doente com algum tipo de doença respiratória, será examinado para ver se há gripe, vírus do resfriado comum como o RSV e o novo coronavírus.
No momento, os testes COVID-19 são executados separadamente, mas podem ser adicionados aos painéis respiratórios padrão que os hospitais usam para testar pacientes para a maioria dos patógenos comuns de uma só vez. COVID-19 se tornará mais um diagnóstico de rotina, diz ele.
MUDANÇAS NO SISTEMA DE SAÚDE PODEM SER PARA SEMPRE
Alguns outros ajustes de saúde pública podem ser permanentes.
O novo coronavírus já faz parte das redes de vigilância que monitoram os níveis de diferentes vírus nos Estados Unidos.
Não deveria ser logisticamente complicado adicionar esse vírus aos sistemas de relatórios padrão em nível local, estadual e federal, diz Erin Sorrell, professora assistente de pesquisa no departamento de microbiologia e imunologia da Universidade de Georgetown.
“Não precisamos criar do zero”, diz ela. Isso vai exigir dinheiro e infraestrutura, mas é factível.
PREVENDO A QUANTIDADE DE ATENDIDOS E CAPACIDADE DOS HOSPITAIS
Os hospitais também terão que desenvolver modelos que possam prever a quantidade de COVID-19 que podem ver durante um ano normal.
Eles provavelmente precisarão de mais leitos do que normalmente precisam para a temporada de gripe, diz Adalja.
Criar esses modelos pode ser relativamente simples. O desafio é a capacidade do hospital.
Muitos hospitais de todo o país já precisavam de mais espaço, antes mesmo do surgimento deste novo vírus.
É complicado expandir hospitais: é preciso navegar nas leis de zoneamento, nos regulamentos de licenciamento estaduais e em outros obstáculos burocráticos.
Se não conseguirem adicionar leitos facilmente, os hospitais terão que repensar como distribuem seus recursos existentes a cada ano.
Se as empresas farmacêuticas forem capazes de produzir uma vacina COVID-19 eficaz, a lista de injeções que cada pessoa deve tomar também aumentará.
Se a vacina acabar sendo uma injeção única que oferece proteção de longo prazo e pode ser adicionada à lista de vacinações infantis, isso seria uma tarefa relativamente fácil, diz Ranney.
ENCORAJAR A APLICAÇÃO DA VACINA
Mas se após a rodada inicial de vacinações relacionadas à pandemia ela se tornar algo que a maioria das pessoas precisa tomar a cada ano, como uma vacina contra a gripe, isso será mais complicado.
Pedir às agências de saúde pública que desenvolvam outra campanha para encorajar as pessoas a obter outra vacina regularmente seria um desafio – um desafio caro.
Apesar dos desafios, a mudança está em andamento.
Não há um único ponto de verificação para marcar a mudança entre uma ameaça aguda e um problema familiar, diz Sorrell.
Baseia-se mais em como as pessoas se sentem em relação à ameaça do que no que ela está realmente fazendo à população. “É uma questão de nível de conforto”, diz ela.
Experiências anteriores com outros vírus, como HIV e poliomielite, dão algumas dicas de como esse processo pode se desenrolar.
Cada vírus é diferente – mas as medidas de saúde pública personalizadas e as pesquisas que nos ajudam a entender intimamente a natureza da ameaça viral podem torná-la, com o tempo, menos ameaçadora.
Vamos atingir um estado estacionário para esse vírus. A questão é: como ?
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