Marcado pelo processo de mecanização, o agronegócio brasileiro tem sido uma das principais áreas a experimentar a tecnologia inovadora das startups agritechs.
Conheça as inovações!

Segundo estimativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o agronegócio brasileiro deve apresentar expansão de 2% neste ano.
E já representa 48% das exportações totais do país.
Com dados assim, investir na área é sempre um bom negócio.
E neste processo, startups, centros de pesquisa e grandes corporações apostam na modernização das técnicas de produção no campo.
A mais recente delas foi o anúncio da automação de veículos pesados.
E o agronegócio pode ser a primeira área a experimentar a tecnologia.
Com o lançamento do protótipo de um trator do futuro autônomo, comandado por um tablet chamado Magnun.
O modelo desenvolvido pela CNH Industrial (Grupo que controla as marcas Case e New Holland).
E foi a novidade da Agrishow, uma feira internacional de tecnologia agrícola realizada em Ribeirão Preto, SP.
O evento é considerado a segunda maior feira do tipo no mundo e a maior da América Latina.
Trator sem motorista e controlado por um tablet
A tecnologia promete aumentar a produtividade e a precisão na atividade agrícola.
E foi a sensação da feira. Ele opera durante 24 horas. Isso mesmo.
O protótipo, inclui tecnologias como múltiplas câmeras e GPS.
Adicionalmente, esse novo trator usa o sistema LiDAR (Light Detection And Ranging).
Uma técnica óptica de detecção remota que mede propriedades da luz refletida e consegue medir a distância em relação a um objeto distante.
O trator que dispensa o motorista pode ainda ser controlado à distância por um tablet.
A previsão de venda do veículo segundo o vice-presidente da Case América Latina, Mirco Romagnoli, é de cerca de cinco anos.
E esse prazo vai depender das regulamentações, da infraestrutura e acesso a tecnologia 3G de cada país.
Mas com a importância estratégica do Brasil no mercado agrícola mundial, Romagnoli acredita que o produto poderá chegar junto com outros países.
Preço do veículo
Conforme o executivo da Case, o grande peso no preço do veículo está centrado na tecnologia dos sensores.
Um ponto importante e que pode contribuir para a redução do valor é a isenção de cabine.
O modelo dispensa a cabine, um ítem de alto custo no trator convencional.
Romagnoli acredita que o valor não seria muito acima de um veículo atual de primeira linha.
Pois estes já vem operando com elevada automação.
“O cliente leva em conta se o custo do maquinário se paga em até três anos para determinar a compra.”
Testes do modelo
Desenvolvido nos Estados Unidos, há 4 anos, o trator autônomo já vem sendo usado em testes em plantios de milho e soja nos Estados Unidos.
No Brasil, técnicos subsidiaram a capacitação dele para o cultivo da cana.
Ele foi desenvolvido na mesma plataforma do trator convencional Magnum 380 e fabricado em Curitiba (PR).
São vendidos cerca de 500 unidades do modelo por ano, a preços que vão de R$ 650 mil a R$ 1 milhão.
Com mesmo nome, o protótipo é movido a diesel.
O tempo nas paradas para adaptações ainda não permitiu a Case obter dados de eficiência do autônomo em relação ao convencional.
Mas já estão sendo realizados novos testes no Estados Unidos com mais dois modelos.
Um ponto favorável é que o trator autônomo pode operar 24 horas ininterruptas.
Startups e grandes corporações do agronegócio na criação de ferramentas e soluções

Utilizando tecnologia como Big Data, monitoramento por satélite e sensores inteligentes, startups chamadas de agritechs levam inovação ao campo.
Segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), atualmente 72 empresas atuam no setor conhecido como agtech ou agritech.
Com incremento de 70% em relação ao ano passado, a área tem previsão de triplicar o crescimento até o final de 2017.
De acordo com o coordenador do comitê de Agtech da ABStartups, Maikon Schiessl.
“O Brasil é uma potência do agronegócio.
Hoje, o agricultor é um cara high tech, mas ainda carente da inovação das startups”.
Exemplo disso é a Agrosmart, com a promessa de reduzir até 60% da água utilizada nas lavouras com irrigação.
A empresa usa sensores inteligentes no meio das plantações, meteorologia e imagens de satélite.
O potencial da ideia inovadora surgiu em 2014, com a crise hídrica na região Sudeste.
Deste período até hoje, a startup passou por dois processos de aceleração.
Um do Startup Brasil e outro do Google, e recebeu US$ 1 milhão em investimentos do Fundo de Inovação Paulista, do governo estadual.
A Agrosmart tem uma equipe de 15 pessoas sediados em Campinas.
A localização é devida a proximidade da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde investem em pesquisas no setor.
O custo de monitoramento varia de R$ 30 a R$ 300 por hectare.
A empresa começou 2017 com 400 mil hectares monitorados.
Startups próximas da academia
Fator importante para as agritechs é estar próximos da academia ou dos polos de investimento no setor agropecuário.
De acordo com a AB Startups, 53% das empresas do setor têm, entre seus membros, pelo menos um mestre ou doutor.
“Precisamos tirar a inovação das gavetas de artigos científicos e transformá-la em negócios”, explica Mateus Mondin, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP.
Criação de centro de inovação
Situada em Piracicaba, 164 km de São Paulo, a instituição quer criar um polo de inovação onde reunirá empreendedores, investidores e produtores rurais.
“Queremos que a Esalq seja a Stanford para as startups do agronegócio”, diz Mondin.
A instituição americana foi berço para grupos como Google, Instagram e Snapchat.
Outra área do Brasil que está apostando no Agritech é o Mato Grosso.
Pensando em como fazer com que a inovação chegue ao campo, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) criou o Agrihub.
Ele é o ponto de contato entre empresas, investidores e produtores rurais.
“Quero que o produtor consiga descobrir a tecnologia que pode ajudá-lo encontrar um investidor.
Isso para manter a startup viva em seu processo de pesquisa e fazer contato com instituições e governos”, explica Heygler de Paula, diretor do Agrihub.
Entre as empresas associadas estão a Agrosmart e a Agronow – esta última, liderada por Antonio Morelli, ex-pesquisador da USP.
O sistema criado pela Agronow com ajuda de imagens de satélite obtém dados agrícolas de uma propriedade específica em qualquer época.
“Com um botão, sei quanto o agricultor produz, colhe e o potencial de produção que ele tem”, diz Morelli, criador da empresa em novembro de 2015.
Com duas sedes uma em São José dos Campos e outra na Argentina, a empresa tem 280 clientes e 12 funcionários.
Para acessar os dados da plataforma, é preciso o agricultor pagar uma assinatura mensal de R$ 19,90 por mês, com adicional de R$ 1 por hectare analisado.
Movimentação no setor é chamarisco para investimentos
A Monashees empresa brasileira de investimentos aplicou US$ 3 milhões na Strider em junho de 2016.
A strider, fundada há três anos, monitora mais de 1,2 milhão de hectares nas Américas e na Austrália e tem hoje 50 funcionários.
Seu sistema combina imagens de satélite, colheita de dados no campo e análise de Big Data.
E todos os dados obtidos podem ser visualizados na palma da mão, por um aplicativo para celular ou em uma plataforma online.
A empresa ainda sugere atividades para fazer no dia seguinte e melhorar o controle da plantação.
Dificuldade: validação da ideia x tempo de resposta
No universo das agritechs uma das dificuldades é o timing dos projetos.
Ou seja, toda startup agritech tem a necessidade de validar sua ideia para resolver um problema.
E isso pode levar tempo: uma ou duas safras.
Isso significa um prazo de 4 meses a um ano para confirmar se o uso da tecnologia está funcionando.
“O investidor que está acostumado com outros modelos de startup pode se assustar com o ritmo mais tranquilo das agritechs”, diz Mondin, da Esalq.
“Isso pode afastá-lo e manter as empresas por mais tempo em estágio inicial”.
Para o docente, isso reduz a velocidade dos negócios e também pode aumentar a taxa de mortalidade das startups.
Para além disso, também é preciso convencer os agricultores de que a inovação tem valor real.
“O produtor rural já tem contato com tecnologia, mas é desconfiado: nesse meio, existe muito milagre e muita decepção”, diz Paulo Vianna, da Strider.
“Apresentar uma tecnologia para o agricultor tem um custo muito maior do que mostrar um aplicativo para um jovem da cidade”, avalia Mondin, da Esalq.
Contudo, o grande retorno das startups têm sido a democratização da inovação.
Elas chegaram em todos os setores e trazem consigo grandes transformações.
Sejam elas no transporte, na hospedagem, na saúde e no agronegócio.
Tire aquela sua ideia revolucionária da cabeça e procure um investidor. Você pode ser o próximo.
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Temas que abordamos nessa página:
- 1 Trator sem motorista e controlado por um tablet
- 2 Preço do veículo
- 3 Testes do modelo
- 4 Startups e grandes corporações do agronegócio na criação de ferramentas e soluções
- 5 Startups próximas da academia
- 6 Criação de centro de inovação
- 7 Movimentação no setor é chamarisco para investimentos
- 8 Dificuldade: validação da ideia x tempo de resposta
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